Quem tem medo da inflação?

A inflação ficará na meta em 2017? Essa é uma das grandes questões econômicas na virada deste que foi uma ano difícil e turbulento, tanto política quanto economicamente. Será que houve crescimento real das franquias em meio a esse caos? Como avaliar?  

O Mapa das Franquias conversou com Edson Pereira, consultor de finanças e instrutor da Prosphera Educação Corporativa. Ele é graduado em Administração pela FGV, pós-graduado em Administração Geral e Finanças pela FGV e concordou em compartilhar conosco sua visão sobre o efeito da inflação sobre as franquias e outros temas relevantes para quem é franqueado ou deseja ingressar no setor.  

Mapa das Franquias: Porque os números de crescimento do setor de franquias não costumam descontar a inflação? Como posso fazer esse cálculo para chegar a um retrato mais fidedigno do setor?

Edson Pereira: Quando avaliamos o crescimento de um setor ou segmento e este é superior ao crescimento da taxa de inflação, consideramos que houve um crescimento real. Normalmente as pesquisas de desempenho divulgadas indicam o crescimento nominal do faturamento das redes. Ou seja, estamos falando do crescimento bruto, sem deflacionar a renda.

O ponto de diferenciação, portanto, é a inflação e precisamos entender o que é. Estamos falando da taxa que mede o aumento do nível dos preços. Significa o quanto cresceu, em média, o preço de um conjunto de bens e serviços, considerando um determinado período de tempo. Sua métrica se dá com base em índices, como o IPCA, que pondera uma cesta de bens e serviços considerados mais importantes para a população. O IPCA é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e é calculado pelo IBGE com determinados critérios. Mas temos outros índices com critérios e cestas diferentes, como por exemplo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), IPC – FIPE e IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), podendo haver números diferentes em cada um. A inflação pode ser sentida de forma diferente considerando os hábitos de consumo, por exemplo, a alta da mensalidade escolar, para que tem filhos em período escolar, da gasolina, para quem possui carro e assim por diante.

Portanto, mensurar o crescimento nominal do setor é mais simples de apurar, matematicamente falando. Basta aplicar um percentual de crescimento (projetado conforme estratégia e mercado) sem preocupação inicial com a inflação. Caso eu queira simular um cenário mais real para tomada de decisão, preciso descontar deste número a inflação considerando um dos índices existentes.

Mapa das Franquias: Quais os indicadores interessantes para tentar prever resultados no setor de franquias?

Edson Pereira: Além do faturamento, um indicador interessante para ser acompanhado é o crescimento do número de unidades. Considerar a diferença entre as unidades abertas e fechadas.

Com a diminuição do emprego formal, vários empreendedores são atraídos para o setor de franquias pela segurança, transferência de conhecimento, marcas consolidadas e menor índice de mortalidade do setor.

Quanto maior o número de unidades, maior o faturamento do setor.

Mapa das Franquias: Existem produtos ou serviços que sofrem mais com a inflação? Quais?

Edson Pereira: Já falamos um pouco do que é a inflação, consideramos que sua maior característica é a remarcação dos preços para um valor maior. E sua causa pode ter muitas origens, como por exemplo; gastos públicos são maiores do que a arrecadação; indexação de contratos; produção menor que a demanda do mercado; aumento de taxa de juros; aumento de impostos; formação de cartéis e etc.

Seus impactos são sentidos de formas diferentes nas famílias e dependo do perfil de consumo, mas alguns produtos e serviços são mais sensíveis como segmento alimentício, com compras e/ou consumo diário.

Bens duráveis e ou de consumo esporádicos tende a ter menores variações como carros, eletrodomésticos, passagens e etc.

E o que vem pela frente?

Mapa das Franquias: Quais as previsões para 2017? A inflação deve ficar na meta? O que esperar do setor de franquias?  Caso a inflação fique mais controlada, isso afetará as taxas de juros? Como isso impacta no setor de franquias?

Edson Pereira: Nos últimos três anos a economia não colaborou com os empreendedores e empresários em geral. Foram os piores já registrados.

Mas, as expectativas de crescimento para os próximos períodos estão melhores. 2017 não será maravilhoso, mas com a perspectiva de queda da inflação, começa um movimento de redução de taxa de juros para os próximos períodos, isso permitirá uma retomada do crédito produtivo. Juros mais baixos significa mais crédito na praça, mais consumo, mais investimentos, mais empregos, maior nível industrial e o melhor, crescimento econômico.

O setor de franquias tradicionalmente se beneficia nos momentos de crescimento econômico, porém, precisa de uma atenção especial ao modelo de negócio e tendências. Como por exemplo os modelos com investimentos menores, mais baratos, home based com foco nos investidores com menor disponibilidade de capital.

As perspectivas para os próximos anos são boas, mas os investidores ainda não estão seguros para investir valores muito altos, pois sabem que a economia está reagindo, mas ainda é muito sensível a um pressuposto importante, o ambiente político.

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