O mundo não pode parar de girar – nem seu capital

Em meio a uma das mais graves crises políticas e econômicas já atravessadas pelo país, muitos franqueados veem o desafio da manutenção de um capital de giro chegar próximo ao impossível. Será que existe saída?

Conversamos sobre isso com o professor dos cursos de MBA da FGV nos módulos de Contabilidade, Gestão de Custos, Orçamento e Análise Econômico Financeira Sérgio Bessa que também é sócio da Sbessa & Associados, dentre outras atividades. A partir de cenários propostos, Bessa foi destrinchando os pormenores de cada situação e propondo alternativas. São opções nem sempre fáceis, mas sensatas para um momento de crise. Confira.

Mapa das Franquias: Imaginando um Cenário A de um franqueado no Brasil atual sofrendo efeitos da crise econômica:

“Preciso de dinheiro para o capital de giro da minha franquia. A quem recorrer? Devo pegar empréstimo no banco? Usar meu cartão? De onde tirar o montante necessário?”

Sérgio Bessa: Em condições normais, nunca é bom usar o cartão de crédito, a menos que seja como compra normal, e quitando a fatura toda no vencimento.

Sempre será melhor pegar um empréstimo no banco.  Mas tendo em mente que dinheiro de curto prazo sempre será mais caro que dinheiro de curto prazo.

Por isto é importante saber de quanto, e por quanto tempo, vai precisar dos recursos.

Mapa das Franquias: Cenário B:

“Já peguei empréstimo no banco e nem sei mais nem quanto devo. Como sair dessa cilada antes de afundar a loja de vez?”

Sérgio Bessa: A primeira coisa é procurar saber quanto deve.  Se você não sabe disto, a sua empresa vai afundar mais rápido do que você imagina.

Depois, vá ao Banco e procure renegociar a sua dívida.  Deixe a vergonha de lado, porque todo banco topa fazer isto sim.

A única frase que banqueiro não gosta de ouvir é “não vou pagar mais”.  Nesta hora eles param e renegociam em boas condições para o devedor.

Mapa das Franquias: O capital de giro pode virar uma “amarra” em tempos de crise, um compromisso financeiro que engessa a operação do franqueado? Como se libertar ou flexibilizar esse montante?

Sérgio Bessa: Em qualquer momento, não só na crise, o capital de giro é o grande problema das empresas.

Uma empresa não quebra por prejuízo, ela quebra é por falta de caixa.

Se você acredita no negócio (sem ufanismo, e sim com razões lógicas) monte um esquema para atravessar a crise.

Venda um carro por exemplo, não faça gastos extras, aperte o cinto mesmo, de verdade, em casa e na empresa.

Economize nas coisas pequenas.  Ninguém quebra pelos grandes gastos.  Estes você conhece.  O que vai te quebrar são os pequenos gastos, que você não considera importante, mas que no final do mês fazem uma imensa diferença.

Mapa das Franquias: Existe alguma maneira de recorrer à franqueadora buscando ajuda nesse momento?

Sérgio Bessa: Sempre existe.  O problema é que neste momento, a franqueadora provavelmente também está com problemas, já que a crise é sistêmica, não localizada.

Ou seja, ela está atingindo todos os franqueados e a franqueadora, dificultando que ela vá socorrer alguém isoladamente.

Mapa das Franquias: A situação pode se tornar grave à ponto do franqueado ter que desistir do negócio?

Sérgio Bessa: Claro que pode.  E desistir nunca deve ser uma alternativa descartada.  Saber perder é uma qualidade de um bom empreendedor.  Saber a hora de sair para perder menos, pode ser uma grande qualidade.

Mapa das Franquias: Se sim, qual a melhor forma de sair minimizando prejuízos?

Sérgio Bessa: Tentar negociar todas as possíveis dívidas, dizendo com clareza que vai sair porque não tem condições de continuar.

A partir daí, consiga todos os descontos possíveis, já que a maioria dos credores também vai preferir receber menos, do que ter que brigar na Justiça para receber toda a dívida, que as vezes, mesmo ganhando na Justiça, não conseguirá receber dos devedores.

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