Especialistas explicam como evitar o fechamento precoce de franquias

Extremamente dinâmico, o mercado de franquias é marcado pela inovação, algumas mais bem sucedidas que outras. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em 2014 o volume de unidades de franquias no país cresceu 9,8% e estima-se que este ano esse crescimento se mantenha entre 9 e 10% do mercado atual.

Por outro lado, a ABF estima também uma taxa de mortalidade de 3,7% no setor, número considerado baixo quando comparados a outros mercados, mas que revela que o segmento não escapa à sina de qualquer área econômica:

“Como em qualquer mercado você tem os bons operadores e os maus operadores, e isso acontece também no mercado de franquias”, explica o consultor e sócio-fundador da Goakira, José Roberto Fugice. Ele conta que é comum observar no setor franqueados frustrados porque o negócio adquirido, com o passar dos anos, se revela aquém de suas expectativas. Segundo Fugice, essas pessoas “acabam não se motivando o suficiente para correr atrás e fazer o negócio acontecer”.

“Franquia, diferente de qualquer outro investimento financeiro, só vai dar resultado se o franqueado trabalhar. Se ele não colocar a mão na massa e fizer o negócio acontecer seja no âmbito de gestão ou operacional, não vai gerar resultados”, explica o consultor que vê na falta de estimulo do franqueado o primeiro passo para a falência.

O especialista destaca ainda outros dois principais fatores que podem encurtar a vida de uma marca: má localização e displicência do franqueador, figura que deve liderar qualquer processo de readaptação diante de um cenário de crise.

“No mercado de temakerias, por exemplo, as redes que hoje continuam atuando são aquelas que se reinventaram. A maioria dessas redes viraram restaurantes japoneses para poder atender e ter um mix suficiente de produtos para viabilizar a operação dos franqueados”, destaca o consultor. Outros exemplos são as redes de bolos caseiros, que atualmente vem diversificando seus produtos e oferecendo bolos mais elaborados com o emprego de caldas, sorvete e outros recheios.

Entre os casos mais atuais, o setor de franquias já espera um movimento de ajuste de mercado entre as redes de paleterias mexicanas. No entanto, o diretor de inteligência de mercado da ABF, Claudio Tieghi, ressalta que isso não deve ser encarado como o fracasso de uma ideia ou novo modelo de negócio, mas sim como um processo natural que exige gestão e maturidade para avaliar os pontos críticos e tomar medidas de corretivas.

“Não podemos esquecer também que, em geral, as novidades trazem consigo também o risco inerente à inovação. Quando as dificuldades chegam, o franqueado (bem como o franqueador) tem que ter a maturidade de avaliar os pontos críticos e tomar medidas de corretivas”, ressalta o diretor da ABF que usa como exemplo o caso das iogurterias, sucesso nos 2009 e 2010.

“Depois de uma grande expansão, houve um processo de acomodação, mas muitas iogurterias continuam a operar. Algumas neste processo, por exemplo, saíram de pontos tradicionais para quiosques. Veja, portanto, que há alternativas ou medidas que podem e devem ser adotadas para manutenção e sucesso do negócio”, destaca Tieghi.

Já para o consultor e sócio-fundador da Goakira, José Roberto Fugice, é preciso observar o momento certo de entrar em segmentos “da moda”, evitando investir em momentos de reacomodação do mercado que podem dificultar o retorno do capital investido e desanimar o franqueado.

“Eu posso assegurar que os primeiros operadores que entraram com as paleterias, temakerias, iogurterias ganharam muito dinheiro no começo e com certeza tiveram o retorno do capital deles. Agora os que entraram já no final do ciclo com certeza tiveram dificuldades”, alerta o consultor.

Segundo ele, o ideal é acompanhar de perto o movimento das unidades, tentar verificar o histórico de faturamento delas e buscar informações junto a atuais e ex-franqueados se o franqueador realmente cumpre tudo aquilo que ele promete no momento de aquisição da franquia.

“Toda franquia tem que entregar a COF (Circular de Oferta de Franquias) antes da assinatura do contrato. Nela há uma relação com o telefone dos atuais e dos ex-franqueados. Ligue para eles para verificar se realmente aquilo que o franqueador está te prometendo ele vai cumprir”, recomenda Fugice.

Já o diretor de inteligência de mercado da ABF ressalta que “a não adaptação ao modelo de franquia é uma das principais causas da taxa de mortalidade de franquias” e aconselha que a escolha de um investimento desse tipo seja feita a partir das convicções, conhecimentos e gostos pessoais.

“Ou seja, não escolher apenas pela moda, mas sim algo de interesse. Se gosto de culinária, a área de alimentação pode ser uma boa opção. Se a educação é meu interesse, quem sabe uma franquia de idiomas ou treinamentos. E assim, por diante”, aconselha Tieghi.

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