Economia fraca impulsiona franquias de rua

Com custos mais altos e maior resistência a ceder à queda dos aluguéis, os shoppings têm perdido a atratividade diante do contexto de crise apesar de serem o “o melhor dos mundos” para se abrir um novo negócio, como explica o gerente de expansão e negócios da consultoria Dubnet, Rildo Nogueira Biazetto.

O consultor explica que apesar do movimento de queda no preço do metro quadrado, nem todos os shoppings têm adotado essa postura, o que acaba tornando a rua um ambiente mais competitivo quando o assunto é a abertura de novas unidades em tempos de economia fraca.

“Nesse momento vale a pena realizar mais pesquisa para abrir uma unidade na rua a depender do negócio. É preciso avaliar o negócio e fazer uma análise muito aprofundada e criteriosa. Não é coisa de uma semana, isso leva tempo e sempre vai haver risco”, lembra o gerente da Dubnet.

Uma pesquisa realizada pela Deloitte em parceria com a ABF em 2014 indicava, já naquela época, que as lojas de rua apresentavam maior faturamento. Para 53% dos franqueadores entrevistados, esse tipo de ponto foi citado como o que tem maior faturamento médio, seguido dos shoppings (29%) e centros comerciais (19%).

Uma das razões para isso, explica Biazetto, é o menor custo de operação de uma loja de rua. “O que vai ser o diferencial é o custo de ocupação. Na rua, de repente haverá uma loja legal que não vende tão bem, mas que o aluguel é muito baixo, o que acaba diminuindo seu custo operacional e oferecendo uma rentabilidade mais interessante que o shopping. É preciso estudar caso a caso e muito bem.”, conta.

Com isso, algumas redes já sentem certa preferência dos novos franqueados por unidades de rua como forma de fugir dos elevados custos de uma operação de shopping. Diretor de Expansão da Multicoisas, Nelson Oshiro explica que a rede de lojas de utensílios domésticos possui cerca de metade de suas unidades em shoppings e outra metade na rua, com uma forte tendência que a rua se fortaleça nos próximos anos com a queda no preço dos aluguéis.

“Na época em que a economia estava aquecida todo mundo queria abrir negócio e, quando todo mundo quer abrir negócio, aumenta o custo de locação. Agora está mais fácil porque estamos vivendo um Brasil real”, avalia o diretor da Multicoisas.

De acordo com ele, as lojas de rua da rede costumam ter também um ticket médio maior que as lojas de shopping, além de oferecerem mais liberdade para o franqueado operar. Enquanto o ticket médio de uma loja de rua pode chegar a 70 reais, o de um shopping é de cerca de 48 reais. Soma-se a isso o fato de as lojas de shopping serem menores por conta do alto custo de aluguel, com estoques também menores.

“Shopping, para poder cobrar muito, tem que proporcionar muita venda. E o mercado hoje não está favorecendo isso. A economia está retraída.”, explica Oshiro, que ressalta que quando o assunto é ponto comercial, não existe uma regra.

“Depende de tudo um pouco. Temos lojas de rua que faturam mais que shopping e lojas de shopping que faturam mais que rua. Não dá para ser categórico”, ressalta.

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