Confiança da micro e pequena empresa cresce para 51,1 pontos

A confiança da micro e pequena empresa com as condições da economia e dos seus negócios voltou a esboçar melhora no último mês de agosto após amargar quedas acentuadas nos meses de junho e julho, com o reflexo da paralisação dos caminhoneiros. De acordo com dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o índice ficou em 51,1 pontos em agosto frente 46,3 pontos observados em junho e 48,9 pontos de julho. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que resultados acima de 50 pontos apontam o predomínio de uma visão positiva dos micro e pequenos empresários. No entanto, a proximidade do indicador com o nível neutro de 50 pontos mostra que a confiança ainda não está consolidada, apesar da melhora.

De acordo com o levantamento, é a avaliação do desempenho da economia e dos negócios nos últimos meses que tem puxado o indicador para baixo, em contraste com as perspectivas para o futuro da própria empresa e da economia, que vem mostrando pontuações um pouco melhores. Dessa forma, o Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção dos últimos meses, ficou em 39,1 pontos, enquanto o Indicador de Expectativas, que se projeta para um horizonte futuro de seis meses, marcou 60,1 pontos, ambos acima do constatado em agosto do ano passado.

“É a imagem do copo meio cheio ou meio vazio. Os dados mostram que a maioria dos empresários de menor está otimista com o futuro, mas ainda em compasso de espera. Há um otimismo comedido e moderado por parte desses empresários, que ainda não pode ser considerado satisfatório. Alguns indicadores macroeconômicos já dão sinais de melhora, mas o cenário eleitoral ainda é incerto. Isso faz com que a confiança não deslanche, mas também não retroceda a níveis do momento mais grave da recessão”, afirma o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.

Percepção de piora é menos acentuada sobre o próprio negócio do que para a economia, avaliam micro e pequenos empresários

O levantamento revela que, apesar do fim da recessão, mais da metade (53%) dos micro e pequenos empresários ainda considera que o desempenho da economia do país piorou ao longo dos últimos seis meses, contra apenas 15% de entrevistados que notaram melhora no período. Já quando a análise se detém ao próprio negócio, o quadro é um pouco melhor, uma vez que 21% notaram algum progresso na sua empresa, enquanto 39% observaram piora.

Dentre os que notaram piora em suas empresas, a queda das vendas é o sintoma mais evidente, mencionada por 78% dos entrevistados. Outros 29% disseram que houve aumento dos custos de matéria prima e produtos e 15% sofrem as consequências da inadimplência de seus clientes. Entre os que notaram melhora na performance do próprio negócio, 45% disseram ter vendido mais no período, ao passo que 34% investiram na gestão da empresa.

“Apostar na eficiência da gestão é uma saída inteligente para lidar com a crise que atinge a economia como um todo. Os reflexos do desemprego, da renda mais curta e da inadimplência são sentidos por todos, mas quem consegue racionalizar custos e aproveitar oportunidades sofre menos que seus concorrentes e anda na contramão da crise”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Apesar do quadro atual não ser positivo, 56% dos micro e pequenos empresários estão confiantes com próprio negócio; 43% esperam aumento nas vendas

O indicador ainda mostra que mesmo diante de uma realidade negativa, uma parte significativa dos empresários entrevistados mantém a expectativa de melhora, seja com relação à própria empresa ou à economia do país. Em termos percentuais, 56% dos donos de micro e pequenas empresas disseram estar confiantes com o futuro do próprio negócio contra apenas 11% que estão declaradamente pessimistas. Quando a análise se detém a realidade da economia, os números são um pouco piores, mas ainda demonstram otimismo: 38% estão otimistas contra 19% de pessimistas.

A confiança dos empresários no desempenho do seu negócio, entretanto, não é explicada de forma concreta na maior parte dos casos: quatro em cada dez (37%) desses empresários alegaram não saber a razão de seu otimismo, apenas acreditam que coisas boas irão acontecer. Essa também é a principal razão para quem está otimista com o futuro da economia, com 58% de citações. Ainda entre os otimistas com a economia, 21% apostam no amplo mercado consumidor para fazer o país superar a crise e 16% destacam a recente melhora de alguns indicadores econômicos. Entre os que vislumbram um futuro positivo para suas empresas, 32% garantem fazer uma boa gestão do negócio e 28% disseram estar investindo para melhor o desempenho da empresa.

De modo geral, 43% dos empresários de menor porte acreditam o faturamento de sua empresa irá crescer nos próximos seis meses, enquanto 46% acham que o quadro não irá se alterar. 

Levando em conta apenas a opinião dos micro e pequenos empresários que estão, majoritariamente pessimistas, mais da metade (52%) afirma que seus negócios não devem melhorar porque as vendas estão em baixa. Há ainda 29% que consideram difícil empreender no país.

As incertezas políticas, que aumentam com a indefinição do cenário eleitoral, é motivo para 65% dos entrevistados pessimistas não acreditarem que a economia vai apresentar melhora nos próximos seis meses. Outro temor é o aumento do desemprego e inflação (27%) e amarras institucionais e leis do país que não favorecem o crescimento (24%).

Metodologia

O Indicador e suas aberturas mostram que houve melhora quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”.