Veja por que incentivar a participação dos investidores em uma rede de franquias

O Brasil é um dos países com maior número de redes de franquia, e os esforços empreendidos na indústria do franchising apontam para uma contínua expansão desse mercado. Muitas dessas franquias organizam conselhos e comitês a fim de tornar mais fácil o processo de decisão e estabelecer uma relação de confiança e transparência entre franqueadores e franqueados. Trata-se de uma relação simbiótica, na qual os dois principais envolvidos no negócio saem ganhando.

“O franqueado, principalmente aquele que é operador do negócio, tende a contribuir positivamente para a melhoria contínua dos processos, produtos e serviços da rede, uma vez que ele sempre está no dia a dia com o cliente”, explica o sócio-diretor da empresa de consultoria e gestão de redes de negócios Goakira, José Carlos G. Fugice.

“Além de viver os desafios diários da operação, muitos deles pensam no negócio 24h por dia e levantam questões como ‘Como vender mais? Como lucrar mais? Como captar mais clientes?’ e assim por diante. Tudo isso gera uma sistemática interessante que força o franqueador a sair da zona de conforto e buscar novos resultados para a rede”, acrescenta.

A rede de franquias Emagrecentro, líder no segmento de emagrecimento e estética, criou em maio de 2017 o comitês de franqueados, e notou que desde então os franqueados se tornaram mais engajados. O modo incomum com que o projeto foi proposto e implementado contribuiu, sobretudo, para a geração de debates na rede.

Diferentemente dos comitês de franqueados tradicionais, estabelecidos de acordo com a representação geográfica dos membros, os seis comitês da Emagrecentro foram definidos de acordo com as afinidades profissionais de cada um dos seus 104 franqueados. Além do comitê médico e estético, existem dentro da Emagrecentro os comitês de coaching, mídia digital, estratégia de vendas e fornecedores. Coincidência ou não, o faturamento da rede voltou a crescer desde a introdução da novidade.

“Fazer comitês de franqueados por expertise ou know how é extremamente positivo”, ressalta Fugice. “O que a Emagrecentro está fazendo é o futuro dos comitês de franqueados. Mais do que discutir pontos de vista e opiniões, os comitês têm que ajudar a franqueadora a construir a solução para um determinado problema, e ter franqueados com conhecimento sobre esses temas, com certeza, ajudará nesta busca”, garante o consultor.

Os membros dos comitês da Emagrecentro costumam se comunicar por meio de aplicativos de mensagem ou videoconferências, mas todos os franqueados se reúnem pessoalmente a cada seis meses. “O pedido partiu dos próprios franqueados, que tinham interesse em trocar experiências e, principalmente, cases de sucesso”, conta Edson Ramuth, fundador da marca.

Os comitês são, contudo, apenas uma forma de estimular a participação dos franqueados. Há empresas que contam com outras estruturas disponíveis para envolver os investidores. A JAN-PRO, empresa especializada em oferecer limpeza comercial conta com um conselho nacional em cada um dos 14 países em que está presente. Os próprios franqueados organizam uma votação e escolhem os colegas que vão representá-los no conselho pelos próximos três anos.

Além do conselho nacional de franqueados, existe ainda o conselho de masterfranqueados – que reúne os franqueadores de cada país – e os escritórios regionais – que existem dentro de cada Estado e contam com um diretor operacional, que se reúne, a cada três meses, com seus franqueados, a fim de analisar as avaliações dos serviços realizadas pelos clientes e elaborar um planejamento para os nove meses seguintes.

“Temos escritórios regionais e são eles que tomam conta dos franqueados naquela região, além de proporcionarem um maior grau de participação e interação entre os franqueados”, conta Renato Ticoulat, diretor -executivo da marca.

A integração na rede, entretanto, não é feita exclusivamente através dos conselhos – sejam eles nacionais ou regionais. Na JAN -PRO, os franqueados também contam um canal de conversa de caráter informal, que está além das estruturas convencionais.

“Meus funcionários operacionais, que treinam a mão de obra, trabalham muito com os franqueados, e por isso acabam resolvendo aflições e atendendo a solicitações dos empresários. Por causa desse diálogo mais aberto que eles mantêm, a gente acaba tomando as medidas necessárias antes que os problemas apareçam”, explica Ticoulat.

Não importa qual seja o modelo de integração entre franqueador e franqueado adotado pela empresa. O que realmente conta é a eficiência desse canal de comunicação. Todas as partes integrantes de uma rede de franquia têm a ganhar com a troca de conhecimentos, ideias e experiências. Conselhos e comitês contribuem positivamente para o crescimento não apenas das franquias, mas também da rede como um todo. O crescimento da rede, por sua vez, implica diretamente no sucesso dos franqueados. Não há empresas bem sucedidas sem franqueados realizados e vice e versa. Funcionários, franqueados e franqueadores estão todos associados a um sistema que se retroalimenta. Qualquer falha em uma das engrenagens compromete todo o conjunto.