Tendência de mercado, modelos móveis de franquias também precisam delimitar raio

Cada vez mais disseminados, os novos modelos de franquias, menores e mais baratos chegaram para ficar. De acordo com o diretor de inteligência de mercado da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Claudio Tieghi, a inovação em formatos de negócios é vista como uma tendência tanto nos grandes centros urbanos- onde as marcas já estão presentes – quanto em cidades e comunidades menores. Segundo ele, muitas empresas “identificam um potencial de mercado em um raio em que há alguns anos justificaria apenas a presença de uma loja” e passam, a partir disso, a oferecer unidades em modelos mais versáteis.

“Para as grandes marcas, a expansão com novas pequenas unidades de atendimentos não se dá apenas no contexto das grandes capitais. O formato menor também cai muito bem em cidades de menor porte que por ventura não tenham uma estrutura para um fluxo muito grande de clientes, mas que gostem do produto e o queiram próximo”, explica o diretor da ABF.

Caso de expansão via adoção de um modelo móvel de franquia, a rede Auto Spa Express, começou a divulgar esta semana um novo modelo de franquia baseado no uso de um Tuc-Tuc, triciclo motorizado muito comumente usado em países asiáticos. A rede de franquias é conhecida por oferecer serviços automotivos por delivery como a lavagem à seco e espera tornar o Tuc-Tuc também popular no Brasil, nesse caso estampando a marca do Auto Spa Express.

“A gente percebeu que existia a necessidade de uma opção mais acessível para o franqueado que não possui carro, por exemplo. Pesquisando o mercado encontramos esse modelo. O Tuc-Tuc tem um baú traseiro que é bem grande, cabe muita coisa – mais que o porta-malas de um carro”, destaca o presidente do Grupo Mulifranquias, Edson Ramuth, ao explicar que o novo modelo passa a operar com o dobro de material oferecido no modelo inicial.

Hoje com mais de 40 unidades e faturamento de 3 milhões ao ano a rede pretende crescer 25% este ano e expandir-se para os EUA. A adoção do Tuc-Tuc insere-se nessa estratégia e proporciona à rede a possibilidade de oferecer franquias que vão desde 9,9 mil reais a até 29 mil. Com um tamanho maior, Ramuth afirma que uma unidade Tuc-Tuc pode, com o material oferecido a mais, ter um retorno de cerca de 60 mil reais.

A base para a segurança do executivo é simples: “O mercado de lavagem sem água ou em baixíssima quantidade está tendo uma demanda grande devido à escassez de água. Nós usamos atualmente apenas 300 ml de água ante os 300 litros em uma lavagem automotiva comum. Há pessoas querendo esse tipo de serviço”, lembra o presidente da Multifranquias.

Cuidados ao adotar a ideia

De acordo com o diretor de inteligência de mercado da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Claudio Tieghi, as formulações de um novo modelo de negócio como o feito pela Auto Spa Express são realizadas a partir de um criterioso processo de planejamento, envolvendo um plano de expansão com estudos geoestatísticos para evitar que haja uma “canibalização” entre as várias unidades.

“É fundamental que esses pequenos negócios sejam sempre negociados com os já franqueados para que eles possam se rentabilizar e não simplesmente abrir o mercado com o risco de haver uma canibalização entre as unidades”, explica o especialista ao citar, por exemplo, o caso de unidades móveis de atendimento. Nestas situações, Tieghi ressalta a necessidade de se delimitar um raio de atuação.

“O fato de ter uma unidade móvel não autoriza o franqueado a andar livremente pela cidade ou pelos Estados. É importante destacar que os contratos de franquia pressupõem a territorialidade. Ainda que seja uma loja móvel, ela tem um raio que ela pode atuar assim como acontece nas próprias lojas físicas”, alerta o diretor de inteligência de mercado da ABF.

A única exceção seriam casos em que as diversas unidades pertencem a um mesmo franqueado, hipótese na qual ele amplia sua atuação com diferentes modelos de negócio (loja física, móvel, quiosque). O cenário, segundo Tieghi, seria “bastante interessante”, pois permitiria uma presença mais plural da marca naquela região.

“É como temos visto em shoppings em que muitas marcas têm uma loja e um quisoque ao mesmo tempo. O que justifica isso são estudos de comportamento, de consumo, frequência, que apontam que há muitas pessoas podendo consumir. Nestes casos a existência de um segundo ponto acaba ajudando o franqueado a ter uma maior rentabilidade”, destaca o diretor do ABF.

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