Seis aplicações reais do LEGO Serious Play dentro da sua empresa

Isso se deve, em grande parte, ao fato de que o LEGO é uma peça genérica, que possibilita construções que estão limitadas apenas à imaginação de quem a usa.

Foi por isso que, em 1996, dois professores, Johan Roos e Bart Victor, criaram o LEGO Serious Play (LSP). Na época, ambos trabalhavam com o presidente da LEGO Company, Kjeld Kirk Kristiansen, na busca por um novo processo estratégico para a empresa, e foi ai que uma equipe foi montada para dar luz ao que seria o LSP.  Os professores, junto com Robert Rasmussen, da LEGO, e outro professor, David Owens, compreenderam que poderiam usar as peças e elementos LEGO como uma ferramenta para abordar os problemas organizacionais.

A ideia é que o método incentive o pensamento criativo como cultura empresarial, fazendo com que as peças e cenários sejam metáforas para a identidade organizacional de cada individuo dentro da empresa, realmente narrando a vivencia, como um roleplay game, onde histórias são contadas com mundo imaginários, porém tendo a vantagem de um objeto tridimensional moldável para representar o pensamento, uma espécie de impressão 3D do pensamento.

O LSP se baseia em algumas premissas para obter sucesso, tais como: Reuniões 80/20. Normalmente nas reuniões 20% dos participantes estão engajados e os demais desconcentrados. Em uma reunião LSP todos devem contar suas histórias. Storytelling. Todos criam seus modelos e contam suas histórias, os demais participantes podem interagir, gerando insights. Uso das mãos. As mãos acessam “compartimentos” de nossa memória que desconhecemos, sem falar no prazer de manipular uma peça LEGO;

Mas como funciona na prática? A ideia é que dentro de uma empresa todos podem contribuir para a discussão, decisões e resultados. Isso transforma o conhecimento individual em conhecimento coletivo, dando olhares de mercado mais completos a toda à empresa. A “Serious Play” se desenvolve em cenários reais mais ou menos como nos exemplos:

Relacionamento com cliente: não importa que tipo de empresa se tenha, todos tem cliente. Com o LSP é possível simular a experiência do cliente, partindo do ponto de vista dele para com a empresa, transformando o que é suposição em algo concreto através da observação do que todos consideram como o comportamento do cliente.

Construção de mercado: da mesma forma é possível analisar, com a metodologia lúdica, como um mercado se desenvolve em torno de um protótipo. É quase como um teste de mercado antes do teste de mercado, o que pode retirar diversas falhas de projeto antes de um produto vir realmente a existir. A prototipação começa com a ideias compartilhadas.

Construção da cadeia de consumo: aqui se aplica o ponto de vista do cliente ao protótipo, mas se acrescenta a empresa e toda a cadeia de produção. É possível identificar todo o processo de desenvolvimento de uma venda, por exemplo. Isso dá aos colaboradores noção de pontos delicados.

Analise de custos versus benefícios: usando o que foi observado é possível mensurar custos e verificar se a ideia é válida em termo de benefícios. É importante lembrar que a ideia do LSP é uma união de pensamentos entre os integrantes da empresa, assim as impressões compartilhadas, enquanto resolvem problemas reais, integram a organização partindo para o próximo ponto;

RH: o objetivo máximo do LSP é justamente a relação interpessoal dentro da organização. Isso quer dizer que a ideia máxima é a troca de pontos de vista construída através das percepções particulares de como funciona o processo ou mesmo a organização como um todo.

Inovação: esse ponto é um extra. Com o LSP é possível ter uma noção de como uma medida de inovação vai afetar a empresa, ou mesmo onde ela se faz necessária.

Operação: o LSP permite que se monte lay out industrial, de warehouses e lojas, alterando-os até encontrar uma configuração otimizada.

O LSP se baseia na ideia de jogar, imaginar e construir, onde se traz o teórico para o real, porém sem custos altos, e dando liberdade para o compartilhamento de ideias. É sem dúvida um método que vale a pena considerar em diversos momentos da vida de um negócio.

Julio Costa é fundador da Think Marketing e facilitador do Lego Serious Play no Brasil.