Queda de 3,8% do PIB em 2015 demonstra gravidade dos desajustes da economia, avalia FecomercioSP

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) avalia a queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 como resultado dos desajustes internos dos principais fundamentos econômicos e da demora do governo em adotar as medidas necessárias. Esse é o pior desempenho registrado ao longo de 25 anos, desde 1990 (-4,3%), durante o governo Collor.

De acordo com a assessoria econômica da Entidade, os baixos investimentos e o recuo do poder de consumo dos brasileiros apontam para mais um ano de queda do PIB, o que configuraria a primeira vez de dois anos seguidos de recessão na história econômica do País.

Assim como em 2014, a queda nos indicadores de investimentos em 2015 foi grande e merece a atenção do governo e do setor privado em 2016. Apenas no quatro trimestre (contra o mesmo período de 2014), houve retração de 18,5% na Formação Bruta de Capital. No ano, a queda foi de 14,1%. Outro destaque negativo para a economia nacional foi o recuo de 4% no consumo das famílias no ano e 6,8% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

A desvalorização cambial foi o único fator que gerou efeitos positivos, por meio da balança comercial que fechou o ano com superávit de quase US$ 30 bilhões. Associado a esse fato, o único setor que cresceu em 2015 foi o agropecuário, que registrou alta de 1,8% no ano, mas também já sente dificuldades de manter esse ritmo e, no último trimestre, apresentou crescimento de apenas 0,6%. Ainda no setor produtivo, o País registrou quedas acentuadas de 6,2% no produto industrial em relação a 2014, e de 2,7% no setor de serviços – em que estão incluídos comércio, transporte e serviços financeiros.

Na avaliação da FecomercioSP, o mais preocupante é a falta de investimentos, que mesmo tendo se deteriorado muito em 2015, não dá sinais de que a economia já chegou no fundo do poço. Nada impede de que em 2016 a queda do PIB seja semelhante à vista no ano passado, ou até maior. Os dados do quarto trimestre mostram aceleração dos problemas e aprofundamento das quedas em todos os setores da economia. A tendência, segundo a Entidade, é de que o início de 2016 mostre números ainda piores. Outro fator que preocupa é a destruição da capacidade de produção, com queda de quase 20% nos investimentos no último trimestre.

Ainda de acordo com a Federação, o cenário econômico atual não deve ser revertido ainda neste ano e o dado do PIB já é uma prévia do que virá ao longo de 2016, principalmente por causa do aumento expressivo esperado para a taxa de desemprego. Entre tentativas e negociações, quem mais sofre são as famílias, que veem sua renda se reduzir entre impostos, inflação e desemprego. Neste ano, o desemprego pode também atingir dois dígitos, assim como a queda das vendas no varejo.

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