Intenção de consumo cresce pelo oitavo mês consecutivo e alcança o maior patamar desde junho de 2015

Pelo oitavo mês consecutivo, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou alta e alcançou os 77,6 pontos – o maior patamar desde junho de 2015. Com isso, foi registrado crescimento de 2,2% em relação a janeiro e alta de 8,8% na comparação com o mesmo mês de 2016. O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.

Todos os sete itens avaliados pela pesquisa apresentaram crescimento em fevereiro. O destaque, em termos de variação, foi do Nível de Consumo Atual que avançou 4,4% e se aproximou dos 50 pontos (49,8 pontos). Mesmo assim, ainda é o item com pior avaliação do indicador, com a maioria dos paulistanos (60%) dizendo que está gastando menos neste momento na comparação com o mesmo período de 2016.

Para o médio prazo a situação é similar, com redução do grau de insatisfação. O item Perspectiva de Consumo subiu 2,9% e atingiu 69,2 pontos no mês. Em relação a fevereiro de 2016, foi o item que apresentou a maior variação positiva, 32,2%. Em fevereiro de 2016 eram 62% que diziam que iriam consumir menos nos meses seguintes, e este porcentual agora é de 52%.

O conservadorismo dos varejistas em contarem com estoques mais baixos para as vendas de fim de ano, não permitiu que houvessem muitas liquidações no início do ano. Com isso, o item Momento para Duráveis, que cresceu em fevereiro do ano passado 11,4% contra o mês anterior, não teve essa mesma força agora, mas de qualquer forma registra alta mensal de 1,7% e o item ficou nos 57 pontos.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, esses indicadores ligados ao consumo estão se recuperando, mas longe de um patamar ideal. O importante, de acordo com a Federação, é a tendência positiva e essas elevações estão atreladas a menor pressão de preços. A inflação vem baixando, inclusive a do grupo de alimentos, que, na Região Metropolitana de São Paulo, acumulou em 2016, 7,8%, enquanto em dezembro de 2015 os preços, para este grupo, subiam 11,3%. Além disso, houve reajuste do salário mínimo e existe a perspectiva de retirada de recursos do FGTS, das contas inativas.

O item Renda Atual também cresceu em fevereiro (2,8%), saindo de 82,5 pontos para 84,8 pontos, sendo o maior ganho entre os itens e, assim, foi o que mais contribuiu em termos absolutos para o resultado positivo do ICF. A variação foi similar a registrada pelo item Acesso a Crédito que aumentou 2,4%. A pontuação, entretanto, é menor de 70,7 pontos, mas vem na tendência de crescimento, que segundo a Entidade, mostra que os paulistanos estão enfrentando cada vez menos dificuldade na contratação de financiamento para compras de longo prazo.

E por fim, os dados dos itens relacionados ao emprego são os únicos no patamar de satisfação. O Emprego Atual registrou alta de 1,6% e passou dos 100 pontos (101 pontos) pela primeira vez desde julho de 2015. Já o item Perspectiva Profissional cresceu 1% e atingiu 110 pontos. São 52% dos entrevistados que dizem que haverá uma melhora profissional para o responsável pelo domicílio nos próximos seis meses.

Na segmentação por faixa de renda o crescimento foi maior para o grupo que ganha menos de dez salários mínimos, que registrou elevação de 2,8%. Porém o patamar de 77,1 pontos, aferido por esse grupo em fevereiro, é inferior ao apurado pelas famílias com renda superior a este montante, que foi de 79,1 pontos, ligeira alta mensal de 0,6%. Ambas as classes estão com níveis superiores ao visto no ano passado, 7,7% para o primeiro e 12,1% para o segundo.

De acordo com a FecomercioSP, o ICF continua sua rota positiva e deve ser esta a tendência para o ano. A economia está dando sinais mais seguros, como a inflação se aproximando do centro da meta, de 4,5%, e os juros caindo, da mesma forma que o dólar. Aliado a isso, a Entidade aponta que as reformas, especialmente a da Previdência, se aprovadas, trarão ainda mais otimismo aos investidores. E pelo lado dos consumidores a possibilidade de retirar o dinheiro do FGTS pode contribuir para redução do endividamento gerando, em um segundo momento, maior capacidade de consumo.

Portanto, as principais variáveis que afetam o consumo estão melhorando, mesmo que de forma gradual, e para a Federação, os paulistanos vão cada vez mais reduzindo o seu grau de insatisfação e perdendo o receio de ampliar o nível de consumo, tão importante para a volta do crescimento econômico.

Metodologia

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: emprego atual; perspectiva profissional; renda atual; acesso ao crédito; nível de consumo atual; perspectiva de consumo e momento para duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima de 100 pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, transformando-se, com base no ponto de vista dos consumidores e não no uso de modelos econométricos, em uma ferramenta poderosa para o varejo, fabricantes, consultorias e instituições financeiras.

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