Inovar é preciso

O mundo está em movimento. As franquias também. Elas têm adotado o formato consagrado pelas food trucks para oferecer produtos e serviços sobre rodas. É o caso do Mercadão dos Óculos, que comercializa o “Glass Truck” e promete levar produtos a partir de R$ 19,90 para todo o Brasil.

Quer fazer a barba mas está na correria? Não se preocupe, a Barbearia Cartola também não está parada. Ela oferece serviços móveis para homens como corte de cabelo, design da barba e bigode.

É um admirável (e dinâmico) mundo novo para o setor. Mas será que funciona? E dá lucro?

O Mapa das Franquias conversou com Rodrigo Ramiro, consultor da RZD Consultoria e Gestão de Franquias para descobrir as respostas. Atuando há mais de 10 anos no franchising nas áreas de marketing e expansão, Ramiro participou do processo de formatação de grandes redes como: Chiquinho Sorvetes, Seguralta, Quinta Valentina e Hinode, além de 30 outras marcas de diversos segmentos.

Confira a entrevista a seguir.

Mapa das Franquias: As franquias móveis, semelhantes aos food trucks, são uma boa opção de investimento? Elas são mais baratas que as lojas tradicionais?

Rodrigo Ramiro: Sim, as franquias itinerantes estão ampliando a sua participação no franchising brasileiro e vejo como um ótimo canal a ser explorado: proporciona comodidade ao consumidor, amplia o acesso a produtos e serviços fora dos pontos comerciais tradicionais, aproveitamento do fluxo de pessoas de feiras e eventos, baixo custo operacional e outros fatores capazes de viabilizar o negócio.

A franquia itinerante também é interessante para as marcas que já possuem operações nos pontos fixos, sendo mais um canal de vendas da loja e até mesmo capaz de gerar fluxo para o ponto. 

Como qualquer outro negócio é muito importante o candidato analisar os prós e contras, estudo financeiro para este modelo, regras para atuação territorial, identificação com o negócio etc.

Não é uma regra absoluta a franquia itinerante possuir um menor investimento do que uma loja tradicional, mas geralmente os valores são menores e o que não quer dizer que sejam necessariamente baixos. Por exemplo, comprar e adaptar uma van para que ela tenha a mesma funcionalidade de um espaço físico de uma loja de roupas (provador, expositores, espelhos etc) provavelmente o investimento ficará acima de R$ 120.000,00.

O investimento é variável conforme o segmento, formato operacional, tipo de veículo, adaptações e outros fatores necessários para se ter um negócio funcional e lucrativo.

Mapa das Franquias: Por se tratar de uma inovação, existe algum tipo de resistência por parte do consumidor? Quais os prós e os contras das franquias itinerantes?

Rodrigo Ramiro: Por parte do consumidor não vejo resistência.

Prós:
– comodidade ao consumidor;
– amplia o acesso a produtos e serviços fora dos pontos comerciais tradicionais;
– aproveitamento do fluxo de pessoas de feiras e eventos;
– possibilidade de testar várias áreas da cidade;
– baixo custo operacional;
– desperta interesse no consumidor.

Contras:
– maior dificuldade de fidelizar o cliente;
– quadro operacional reduzido, o que pode diminuir a capacidade de atendimento;
– mix de produtos reduzido, o que pode diminuir as opções do consumidor;
– espaço físico limitado para estoque, o que pode ocasionar perda de vendas em um mal dimensionamento para suprir a demanda prevista do dia;
– por não ter um local de atendimento fechado, algumas operações podem sofrer com os dias chuvosos.

Em toda parte

Mapa das Franquias: Estar em vários locais ou ter um ponto bem definido? Que tipo de negócio se beneficiaria mais ou ganharia menos com a capacidade deslocamento?

Rodrigo Ramiro: Não vejo uma resposta exata, creio que vale uma análise dos pros e contras para identificar como o negócio se comportaria e o que se pode esperar de resultado.

A questão de ganhar menos com o deslocamento ela pode ser suprida quando existe um canal de comunicação eficiente entre marca e consumidor, onde são informados os itinerários, divulgação de promoções e novidades, serviços de pós-venda e qualquer outra comunicação necessária. O consumidor talvez não saiba onde você está no momento, mas de uma forma simples ele sabe o que fazer para te encontrar e também como entrar em contato caso tenha necessidade.

Apesar do formato itinerante, algumas franquias neste modelo costumam fixar a sua localidade durante grande parte dos dias da semana e usam o deslocamento ao seu favor para explorar novas regiões da cidade e aproveitar fluxo de feiras e eventos.

Mapa das Franquias: Com tanta mobilidade, dá pra driblar a crise? Como tem sido o faturamento das franquias móveis no atual contexto adverso?

Rodrigo Ramiro: Sim, com as estratégias corretas e muita dedicação tanto do franqueado quanto do franqueador, muitas marcas estão superando os resultados previstos para este período de retração. 

Mapa das Franquias: Alguns analistas apontam discreta retomada na economia em 2017. Como isso pode ser aproveitado pelos itinerantes? Haverá espaço para inovar ainda mais? Como?

Rodrigo Ramiro: Pode ser aproveitado aumentando cada vez mais o nível de profissionalização e excelência do negócio, pois são dois fatores que estão presentes fortemente no franchising e responsáveis pelo crescimento do segmento mesmo em situações adversas da economia.

Creio que sempre haverá espaço para inovação. Uma forma de inovar é sempre estar atendo ao que acontece ao seu redor, neste caso o franqueado deve prestar atenção nos hábitos de consumo, atuação da concorrência, novos polos geradores de fluxo de pessoas, dificuldades que restringem o acesso do consumidor ao produto ou serviço, como prestar maior comodidade ao cliente e qualquer outro ponto capaz de gerar diferencial perante ao mercado tradicional.

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