Inadimplência atinge 20,4% das famílias paulistanas em novembro, o maior nível desde maio de 2012

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), mostra que, em novembro, 56,7% das famílias paulistanas declararam ter algum tipo de dívida, avanço de 2,2 pontos porcentuais em relação a outubro, quando 54,5% estavam nessa situação. Em comparação com novembro de 2016 (52,7%), a alta foi de 4 p.p. Atualmente, são 2,2 milhões de famílias endividadas em São Paulo.

Na avaliação por renda, o endividamento continua sendo maior entre as famílias que ganham até dez salários mínimos, proporcionalmente às famílias de renda mais alta. Para o primeiro grupo, o porcentual de endividados em novembro atingiu 60,2%, contra 57,6% do mês anterior. E o porcentual de inadimplentes subiu de 24,4% para 25,3%. Já para as famílias com renda acima dos dez salários mínimos, o porcentual de endividados foi de 46,8%, aumento de 1,5 ponto percentual em novembro. Em relação às famílias com contas em atraso dessa faixa de rendimentos, o aumento foi leve, de 8,1% para 8,6%.

Inadimplência

Em relação às famílias que não conseguiram realizar a quitação da dívida na data do vencimento, as consideradas inadimplentes, houve ligeiro avanço, passando de 19,6% em outubro para 20,4% em novembro. Há um ano, esse porcentual estava em 18,5%. Esse é o maior nível desde maio de 2012 (21,5%). Isso significa que 792 mil famílias estão com dificuldades em honrar o compromisso no vencimento.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o número de famílias que não vão conseguir pagar a dívida no próximo mês ficou tecnicamente estável, tanto na comparação mensal quanto na anual. O porcentual em novembro foi de 7,7% contra 7,6% de outubro e de novembro de 2016.

Vale ressaltar que a intenção de pagar as dívidas atrasadas vem aumentando. A pesquisa mostra que 60,7% dos inadimplentes dizem que tendem a pagar, no mínimo, parte da dívida. Esse porcentual em outubro estava um pouco abaixo, de 60,1%, e em novembro de 2016, era de 56,3%.

Tipos de dívida

As dívidas no cartão de crédito continuam sendo as principais, com 73,6% das famílias endividadas nessa modalidade em novembro (eram 74,4% no mês anterior). Em seguida estão carnês, com 14,2% (em outubro, 13,9%); financiamento de carro, com 12,3%; e financiamento da casa, com 10,8%.

De acordo com a FecomercioSP, o resultado da pesquisa em novembro mostra que endividamento e inadimplência não preocupam o cenário de consumo. Isso porque a inflação continua baixa, pressionando menos o orçamento das famílias, ao mesmo tempo em que há uma retomada na geração de emprego que permite o aumento de renda e confiança para elevar os gastos.

Aliado a isso, para um grupo de consumidores há duas injeções de recursos neste fim de ano: do PIS/Pasep e do décimo terceiro salário. Ambos devem seguir a mesma tendência do comportamento do FGTS no início do ano, com maior parcela para pagamento de dívidas e contas do dia a dia e o restante para consumo. Para a FecomercioSP, tudo se resume em aumento de consumo de forma saudável contribuindo neste fim de ano para o crescimento nas vendas do varejo paulistano, que, segundo a Entidade, devem registrar alta de 6%. O momento é bem visto pelo empresário do comércio, pois será um conjunto de variáveis positivas na véspera do melhor momento para o varejo, o Natal.

Metodologia

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista.

O objetivo da PEIC é diagnosticar o nível de endividamento e de inadimplência do consumidor. A partir das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: nível de endividamento, porcentual de inadimplentes, intenção de pagamento de dívidas em atraso e nível de comprometimento da renda. Tais indicadores são observados considerando duas faixas de renda.

A pesquisa permite o acompanhamento do nível de comprometimento do comprador com as dívidas e sua percepção em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos.