Custo de vida sobe 0,17% em abril, influenciado pelos preços nos setores de saúde e vestuário

O custo de vida para as famílias da região metropolitana de São Paulo (RMSP) registrou elevação de 0,17%, em abril, após se manter estável em março, quando teve variação mensal de -0,01%. No mês de abril do ano passado, o indicador havia crescido 0,24%.

Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

No acumulado dos últimos 12 meses, o CVCS registrou alta de 3,42%, abaixo do apurado no mesmo período de 2017, quando o crescimento foi de 4,24%. No acumulado de janeiro a abril de 2018, os preços registraram alta de 0,49%, sendo que no primeiro quadrimestre do ano passado, a elevação era de 0,88%.

Os grupos de saúde (1,22%) e vestuário (1,24%) foram os que mais influenciaram na alta do custo de vida. Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, em abril, o segmento de saúde teve aumento em virtude do reajuste anual da categoria, que entrou em vigor em 31 de março. Prova disso é que os produtos farmacêuticos descreveram elevação de 2,37% no mês, enquanto os serviços de saúde acusaram alta de 0,82%. O setor de vestuário foi impactado sazonalmente, em decorrência da entrada da coleção outono/inverno, normalmente dotada de maior valor agregado e com preços superiores aos itens de verão.

Em contrapartida, as atividades de alimentação e bebidas (-0,28%), habitação (-0,21%), artigos do lar (-0,20%) e despesas pessoais (-0,05%) apresentaram as maiores quedas no mês. Isso significa que cerca da metade do orçamento familiar em abril contou com preços médios menores no contraponto com o mês anterior, corroborando com a manutenção do poder de compra das famílias.

As classes A e B foram as que mais sentiram as oscilações nos preços em abril, com altas de 0,27% e 0,18%, respectivamente. Por outro lado, as classes D e E sentiram menos os efeitos das oscilações de preços, descrevendo variação positiva de 0,04% e 0,14%, respectivamente.

IPV

Com alta média de 0,30% em abril, os preços dos produtos, segundo o IPV, encerram o quadrimestre com crescimento de 0,46%. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador aponta elevação de 2,08%. Em abril de 2017, o índice registrava variações positivas de 0,53% no mês e de 2,61% nos últimos 12 meses.

Ainda de acordo com a pesquisa, o resultado observado em abril revela uma forte pressão de alta no grupo saúde e cuidados pessoais, cujo aumento no mês foi de 1,51%, a principal contribuição de alta no indicador. Esse segmento atinge variações acumuladas de 1,48% no período de janeiro a abril de 2018 e de 2,24% ao considerar os últimos 12 meses.

O IPV é composto por oito grupos e, em abril, quatro deles registraram queda: despesas pessoais (-0,72%); artigos de residência (-0,30%); transportes (-0,20%); e habitação (-0,03%).      

IPS

O Índice de Preços de Serviços (IPS) encerrou o mês de abril com variação positiva, porém, muito próximo à estabilidade (0,03%), ante a manutenção anterior de 0,01% em março. No acumulado de janeiro a abril, o IPS atingiu incremento de 0,51%, e nos últimos 12 meses (maio de 2017 a abril de 2018), atingiu 4,85%.

Dos nove grupos que integram o medidor de preços dos serviços, dois acusaram recuo em sua variação mensal: alimentação e bebidas (-0,98%) e habitação (-0,26%). Em março, a dispersão de quedas atingia três segmentos.

O setor de transportes (1,02%) foi o que mais influenciou alta do indicador dos preços dos serviços em abril. Os itens que mais se elevaram foram: seguro voluntário de veículo (4,47%), conserto de automóvel (3,58%), pintura de veículo (1,54%) e estacionamento (0,38%). No dado acumulado em 12 meses, o grupo atinge variação positiva de 3,39%, porém, em 2018 ainda recua 1,36%.

Segundo a FecomercioSP, o resultado observado em abril reforça o que vinha sendo alertado nos relatórios anteriores, ou seja, de que os preços dos produtos e dos serviços no comércio seguem controlados, consolidando claramente a trajetória que foi iniciada no ano passado. Com isso, o poder de compra dos consumidores segue praticamente igual.

Para os economistas da Entidade, é importante ponderar que, com a recente valorização do dólar em relação ao real, alguns preços possam aumentar, principalmente os que integram matérias-primas importadas em sua cadeia produtiva. No caso dos alimentos e bebidas, os itens que tendem a oscilar bem alinhados às variações cambiais são os derivados do trigo, como massas e pães. Além disso, com o clima mais frio, alguns itens in natura também já enfrentam alta em seus preços médios, segundo dados do levantamento de preços prévios para o mês de maio (IPC – FIPE), como cebola, alface, escarola, repolho e coentro, além dos derivados lácteos, e, com a crise de abastecimento atual, a alta deve se intensificar.

Metodologia

O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de consumo.

As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,23 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.