Cenário econômico ainda é ruim, mas agora tem viés de alta, aponta FecomercioSP

Executivos de empresas e entidades dos principais setores da economia se reuniram ontem (2) na sede da Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na reunião do Conselho Superior de Economia, para discutir os desdobramentos econômicos da possível mudança no cenário político. Pela primeira vez em dois anos há sinais de otimismo entre os conselheiros, o que indica que o novo ambiente político está sendo encarado como um ponto de inflexão e uma oportunidade para o Brasil voltar a crescer, avançar em reformas modernizantes e estabelecer definitivamente uma política fiscal responsável.

Os especialistas foram quase unânimes a respeito da necessidade de adoção de medidas rápidas e efetivas na direção de ajuste fiscal, estabilidade monetária, corte de gastos e incentivo ao investimento privado.

Entre os pontos positivos levantados pelos conselheiros estão a possibilidade de anúncio de medidas fiscais, principalmente ligadas à previdência e desvinculação orçamentária, que teriam um efeito positivo na confiança dos agentes e viabilizariam a retomada do crescimento já em 2017.

Além disso, uma possível valorização do real abriria espaço para a queda dos juros, o que, juntamente com a retomada do crescimento, ajudaria a mudar a dinâmica da dívida pública. Alguns conselheiros inclusive já trabalham com uma taxa de juros de um dígito no ano que vem, visto que a inflação de serviços dá sinais de desaceleração e o desemprego elevado está segurando as pressões salariais.

Por outro lado, entre os pontos de atenção destacados pelos economistas estão a preocupação com apreciação exagerada do real, que poderia frear a recuperação ainda incipiente das exportações, e os desafios para retomar investimentos em infraestrutura decorrentes da Lava Jato.

Apesar da necessidade de um ajuste e das dificuldades a serem vencidas, a assessoria econômica da FecomercioSP afirma que há motivos para otimismo moderado em curto e médio prazo e, a depender de como se encaminharem as medidas em um eventual novo governo, esse otimismo momentâneo pode ser convertido em algo mais consistente, criando o ambiente propício para um novo círculo virtuoso de desenvolvimento.

Expectativa
Caso se confirmem as expectativas dos executivos que participaram da reunião, o País parece ter atingido o fundo do poço e deve começar a trilhar o caminho de saída a partir de agora. O cenário ainda é muito negativo e preocupante, mas notou-se um tom mais otimista nos discursos de quase todos os segmentos presentes e, pela primeira vez em dois anos, a tendência geral de curto e médio prazo é positiva, com perspectivas de ajustes razoáveis que devem ser bem recebidos por investidores. Ainda que o comércio de bens e serviços deva sentir nos próximos meses os efeitos do aumento do desemprego, o viés, ao menos do ponto de vista da confiança no futuro, é nitidamente de alta.

A assessoria econômica da FecomercioSP prevê para este ano uma queda de 6% no faturamento do varejo paulista, mas com possibilidade de melhora a partir de 2017. Já em relação ao varejo nacional, a expectativa é uma retração de 8%, com recuos maiores no setor de bens duráveis e um cenário positivo para o setor de Farmácias. A retomada também é prevista para 2017. Já para o setor de serviços, a previsão é de uma queda de faturamento acentuada e 2016 deve fechar com perda de 5% a 6% em termos reais.

A Entidade prevê que a inflação deva fechar o ano um pouco acima do teto, ao redor de 7%, mas iniciará 2017 abaixo dos 6%. Em relação à renda média, a expectativa é de continuidade de queda, acompanhada por aumento do desemprego. O mercado de trabalho só começará a se recuperar com a retomada de um novo ciclo de investimentos.

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